“Jogada normal no level 20 da GC”

Como a maior plataforma de servidores online do Brasil tem mostrado a evolução dos players.

Danilo Schleder
3 min readJan 20, 2021

Fundada em 2016, a Gamers Club (GC) conseguiu transformar o modo do brasileiro jogar Counter Strike. Com o sistema de servidores dedicados e com tickrate mais próximo ao usado em torneios oficiais, os jogadores casuais conseguiram sentir o gosto da competição online em sua casa. Mas, o que isso mudou na forma dos players profissionais jogarem?

Desde a transferência da equipe principal da Furia para o cenário NA, era evidente a mudança de estilo de jogo vindo do cenário brasileiro. Os constantes rushs de Andrei “arT” e a calma de Kaique “Kscerato” para os clutchs é base de treinamento no Brasil. O “ex-mibr” foi visto dias antes de ser anunciado para a Flash Point treinando em lobbys do level 20 na GC e, além desses exemplos, a grande estreia de Lucas “honda” pelo time principal da Furia mostra que tudo isso não é coincidência.

Lucas “honda” em sua estreia pela Furia (Divulgação/FURIA)

Enquanto a maioria dos times no NA e no EU treinam entre em lobbys fechados ou jogam em lives fazendo o famoso “mix” (times de jogadores profissionais misturados), no Brasil não é incomum achar algum pro player na GC. E esse tem sido o segredo do sucesso brasileiro nos servidores.

Todos sabemos que o estilo brasileiro no CS é inconfundível, desde as grandes comemorações em vitórias de rounds até os famosos “trash-talk” protagonizados pelos jogadores, ou vamos fazer de conta que não lembramos das famosas frases de Vitto “kng” e Marcelo “coldzera”? Mas o que a GC apoiou, talvez sem saber, foi a criação de um estilo único de CS. Com jogadas ousadas, avanços inesperados e novos pixels (criados ou achados) os players tem se destacado positivamente mundo afora.

“Ex-mibr” que foi pega treinando nos servidores da GC (Divulgação/MIBR)

Durante a estreia de Lucas “honda”, o mundo todo se deliciou vendo as jogadas do 6° player da Furia (que entrou no lugar de Paytyn “junior” por problemas de passaporte). E de forma merecida, e muito, “honda” arrancou elogios de diversas pessoas ligadas ao cenário, desde streamers como Alexandre “Gaules” até como de ex-coachs como Janko “YNk” e proplayers como Peter “dupreeh”, esse último, tendo como resposta em uma rede social que o “honda” só estava fazendo o básico do level 20 da GC, motivo pelo qual escrevo esse texto.

Para explicar, finalmente, os motivos da mudança de gameplay, vamos exemplificar de forma simples. No futebol, é difícil ver um time amador fazer amistosos contra um time profissional, mas quando ocorre, o amador vai até o fim para tentar conseguir o básico na partida. Já na GC isso é comum. Todo dia vemos exemplos de jogadores profissionais jogando contra atletas amadores e, esses amadores, fazendo o seu melhor para tentar dar um jogo difícil aos profissionais. Jogando de forma ousada, criando plays para ganhar espaço e rounds, o brasileiro profissional acaba se preparando para todo cenário por conta dos amadores e, com isso, estando preparado para qualquer ação em uma partida oficial.

Não posso dizer com 100% de certeza que tudo isso foi pensado na hora de criar a GC, nem que os atletas treinam com essa ideia nos servidores, mas, afirmo com toda clareza do mundo que o level 20 pode ser duro às vezes e tudo isso prepara cada vez mais nossos representantes nos servidores oficiais.

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